D. Quixote I

· Editora 34
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Poucos livros são tão amados como D. Quixote de La Mancha. Uma enquete mundial realizada em 2002 junto a uma centena de grandes escritores - entre eles Salman Rushdie, Nadine Gordimer, V. S. Naipaul, Wole Soyinka, Paul Auster, Orham Pamuk - apontou-o, disparado, como o melhor da história da literatura.
Difícil saber ao certo como ele consegue a façanha de ser tão amado quatrocentos anos depois de escrito, seduzindo multidões de leitores a cada nova geração. Italo Calvino nos dá algumas pistas da magia em seu Por que ler os clássicos. Tudo aquilo que, segundo o escritor italiano, define esse fenômeno do espírito humano conhecido como "clássico" cai como uma luva em D. Quixote: é um livro inesquecível, conhecido até por quem não o leu. Uma obra que nunca acaba de mostrar o que tem a dizer, cabendo a cada leitor um novo grão de descoberta, e que sempre oferece uma surpresa em relação à imagem que tínhamos dele. Uma enorme riqueza não só para quem o leu e amou, e se delicia a cada nova releitura, mas também para quem o guarda para um momento mais propício.

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Acredita-se que Miguel de Cervantes tenha nascido em 1547, em Alcalá de Henares, perto de Madri. Apesar do gosto pelas letras, tenta a sorte alistando-se numa companhia de soldados. Em 1571 participa da célebre batalha de Lepanto, quando perde a mão esquerda. Em 1575 o navio em que viaja de volta à Espanha é aprisionado pelos turcos e conduzido para Argel, onde permanece preso por cinco anos à espera de resgate. Começa então a redigir a composição pastoral A Galateia, publicada anos depois. De regresso à Espanha em 1580, vive em Valência, Madri e Toledo. Em 1584 casa-se com Catalina de Salazar, arrumando em seguida um trabalho como comissário na coleta de impostos, o que lhe acarreta suspeitas na prestação de contas e três prisões; uma delas em Sevilha, onde teria concebido o D. Quixote. Em 1601 a corte muda-se para Valladolid, e Cervantes transfere-se para lá com a família em busca de favores. Publica o D. Quixote em 1605, obra que teve um sucesso imediato, sendo reimpressa seis vezes naquele ano. Em 1613 lança suas Novelas exemplares, e em 1615 a segunda parte do Quixote. Nesse meio-tempo edita o livro de poemas Viagem do Parnaso (1614) e Oito comédias e entremezes (1615). Em 1616 ingressa na Ordem Terceira de São Francisco, com votos de pobreza e humildade, e morre em 22 de abril desse ano, em Madri. No ano seguinte é publicada sua última obra, o romance Os trabalhos de Persiles e Sigismunda.

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